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17 de abr. de 2023 Usina de Biogás: obras retomadas em Itapiranga
Projeto inovador que prospecta a inserção sustentável do biogás proveniente de dejetos de suínos e bovinos na Matriz Energética Brasileira tem suas obras retomadas em Itapiranga (SC). A iniciativa tem como objetivo a construção de uma planta geradora de energia elétrica a partir de resíduos orgânicos de 11 propriedades rurais com um sistema interligado de biogás, na busca por soluções ambiental e economicamente sustentáveis para aproveitamento dos resíduos.
No final de março, foi realizada reunião marcando a retomada das atividades, com membros da Gerência de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento da CGT Eletrosul, de empresa contratada, além de produtores rurais e Prefeitura Municipal. O investimento no projeto é de R$ 6,6 milhões e inclui os remanescentes de obras de dois projetos de pesquisa, aprovados, respectivamente, pelos Editais de P&D da Aneel de 2010 e 2012. No decorrer de 2023 serão concluídas e comissionadas as estruturas de um gasoduto com 11 quilômetros para o biogás canalizado; uma Mini Central Termoelétrica (MCT) de 480 kVA; uma subestação para conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN); além de 11 biodigestores com diferentes tecnologias - oito do tipo lagoa coberta instalados no projeto Alto Uruguai que terão suas lonas substituídas, três de aço inox, pedra ardósia e concreto; incluindo também digestatos em madeira.
A pesquisa prevê, após conclusão das obras e comissionamento, o monitoramento durante um ano da operação da infraestrutura construída, a fim de identificar padrões tecnológicos e modelos de negócios mais aplicáveis ao contexto brasileiro. O processo de biodigestão gera uma série de subprodutos com alto potencial comercial, como gás carbônico, biofertilizante e o Biochar (termo de origem inglesa, que designa o carvão vegetal empregado para correção de solo), amplamente utilizados pela indústria regional. Além disso, a energia elétrica produzida reduzirá os custos dos produtores, com a possibilidade de gerar receita.
Reunião marca a retomada das atividades
(Foto Ruy de Castro)
Benefícios
O projeto propõe destinação alternativa a um rejeito da produção agropecuária altamente poluente e produzido em grande volume, trazendo benefícios indiscutíveis na redução do impacto ambiental e à saúde humana. Desde a instalação dos primeiros biodigestores nas propriedades rurais, o nível de poluição do Rio Uruguai, que contorna a cidade de Itapiranga, foi notavelmente reduzido. "Em 2006, no início da implantação do Projeto Alto Uruguai, precursor do Projeto Itapiranga, constatou-se a presença de moscas e o forte odor, o que evidenciou tratar-se de uma questão importante para o saneamento local. Atualmente, nos locais onde os biodigestores operam, esta realidade teve uma grande melhora”, relata Ruy de Castro, gerente de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento.
O processo de biodigestão dos dejetos produz cerca de 60% de metano (CH4) e 35% de gás carbônico (CO2). O metano é classificado pelas revistas científicas nacionais e internacionais como um gás cerca de 20 vezes mais agressivo ao meio ambiente em relação ao gás carbônico. Desta forma, com a conversão do metano em gás carbônico após a transformação em energia elétrica, estima-se uma redução do impacto ao meio ambiente de 95%.
Para a CGT Eletrosul, o projeto já rende visibilidade: a pesquisa serviu de referência ao Marco Legal do Biogás em Santa Catarina e para a atualização da Resolução nº 482 da Aneel, sobre geração distribuída.
Etapas
No ano de 2015, foram apresentados à Aneel resultados parciais, incluindo os projetos básicos e executivos para implementação da MCT, biodigestores, subestação e gasoduto. A conclusão das obras e o seu comissionamento devem ocorrer até o fim de 2023, entrando em operação monitorada pela CGT Eletrosul até dezembro de 2024, para então, no ano seguinte, a realização da cessão não onerosa da infraestrutura aos produtores rurais locais.
A execução contou com parceria de diversas entidades: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Centros de Referência em Tecnologia Inovadora (Certi), Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai), Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-econômicos (Fepese) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Além disso, o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) foi parceiro no Biodigestor de Concreto, referente ao projeto "Tecnologia de Biodigestão para o Processamento de Resíduos Agrícolas Adequadas ao Contexto Rural Brasileiro".
Energia elétrica produzida com o projeto reduzirá os custos dos produtores
Os projetos estão de acordo com as diretrizes do P&D Aneel para levantamento de oportunidades e preenchimento de lacunas tecnológicas, além da Política de P&D+I das Empresas Eletrobras e do Plano Diretor de Negócios e Gestão 2022-2026. A ação atende ainda aos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) priorizados pela empresa.
